Debate do ouro (Controlados)

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debate do ouro foi a grande polêmica social da Terceira Aurora, em que se discutia a necessidade e os benefícios da introdução do ouro como dinheiro - isto é, da introdução do dinheiro em si - tornando-o assim mediador de transações comerciais que antes se davam através de um gerenciamento comunitário de recursos (coletivismo). A vitória dos "ouristas" abriu caminho para o sistema de posse individual.

Origens

Foi na Terceira Aurora que teve início a prática de usar o ouro como mediador entre as cidades, efetivamente impulsionando o comércio, antes mais frágil, em cidades que não só redescobriam umas às outras como descobriam os minérios. Os teóricos de Al-u-een e Roun-u-joss, contudo, conjecturaram que se cada pessoa tivesse acesso ao ouro, não se poderia haver mais decisões políticas conjuntas na cidade, uma vez que não se saberia mais com certeza qual era a condição verdadeira da sociedade (todos os recursos disponíveis, por exemplo, e a situação de cada pessoa dentro do grupo). A população ficaria à mercê de forças que não conseguiria controlar. As duas cidades liam a posse individual de ouro como uma ameaça à união entre os humanos e à própria vida social. Possuir riqueza sem determinar socialmente o que fazer com ela significaria que algumas pessoas tornariam-se muito poderosas, e isso seria o fim da relevância das reuniões, dos parlamentos, da política em geral. Como se reunir e definir o que é melhor para todos, se nem todos estão mais pensando uns nos outros, e sim estão pensando em como ganhar mais ouro, ou como conservar o que têm, ou como consegui-lo se não o têm?

As posições contrárias

As soluções propostas foram diferentes nas duas cidades que mais cedo e melhor identificaram aquilo como um problema. Para Roun-u-joss, o melhor seria fazer com que a cidade voltasse a ter total controle sobre o ouro — que o ouro voltasse a ser da cidade, nunca de uma pessoa. Isso conciliaria o uso de dinheiro com o coletivismo. Al-u-een propunha um registro público das posses de cada pessoa, tornando esse conhecimento um elemento dos debates políticos. Rouneen mantinha a intenção de abolir o sistema monetário como um todo; não o fez, uma vez que continuava a interagir (pouco) com outras cidades (majoritariamente Al-u-een, de qualquer forma), mas não precisou fazer dele a base da vida social. É importante destacar que as posições não envolviam o fim do ouro em si, ou o abandono do padrão, uma vez que isso ia além do escopo das cidades que, minoria, discutiam seus problemas - o abandono provavelmente levaria ao ostracismo, pois determinaria uma desvantagem no comércio com outras cidades, estas não tão interessadas em discutir a validade do ouro como instituição.

Do ouro ao individualismo

Dun-u-dengo, que produzia as moedas de ouro reconhecidas como legítimas em Heelum, estava em posição privilegiada. Rica, abundante e desenvolvida, a cidade se mantinha com pouco trabalho de fato, sendo o mais árduo e necessário deles, mediante as constantes trocas com as cidades vizinhas, a cunhagem de ouro. Esse trabalho, em suas várias etapas, era dividido entre todos os cidadãos desejosos, num esquema de sorteio, com a exceção de alguns cargos superiores, de organização e com exigência de certo conhecimento, além de confiança pública no trato com o dinheiro. A existência de minérios em plantações da cidade também estimulou o crescimento de fortunas pessoais que fizeram crescer uma rede de relações econômicas entre pessoas dentro da cidade. Logo os representantes políticos começaram a pensar que, com a transformação da economia entre cidades em economia entre pessoas (ou seja, a lenta dissolução do coletivismo nas cidades e a abertura das relações entre indivíduos, independentemente das cidades), seria possível concentrar as terras (públicas) nas mãos de alguns indivíduos, de forma que o resto das pessoas seria forçado a trabalhar. Esse pode ser visto como um processo semelhante ao dos cercamentos, guardadas principalmente as proporções em termos culturais. A justificativa por parte de Dun-u-dengo era que o sistema se tornaria de todo mais eficiente: as cidades não mais precisariam organizar a alocação de todos os recursos que, nas mãos de indivíduos capacitados e especializados, chegariam sempre ao lugar certo. A teoria foi abraçada com entusiasmo, e as questões que passaram a varrer as cidades foram o uso intensivo do ouro como meio de troca e, nesse caso, a adoção de um sistema de posse individual.