Editando A sentença dos reis (Agência)

Ir para navegação Ir para pesquisar
Aviso: Você não está conectado. Seu endereço IP será visível publicamente se você fizer alguma edição. Se você fizer login ou criar uma conta, suas edições serão atribuídas ao seu nome de usuário, juntamente com outros benefícios.

A edição pode ser desfeita. Verifique a comparação abaixo para verificar se é isso que você deseja fazer e, em seguida, publique as alterações abaixo para terminar de desfazer a edição.

Revisão atual Seu texto
Linha 2: Linha 2:
!colspan="2"|<span style="text-align:center;font-size:1.4em">'''A sentença dos reis'''</span>
!colspan="2"|<span style="text-align:center;font-size:1.4em">'''A sentença dos reis'''</span>
|-
|-
!colspan="2"|[[Arquivo:carta001.png|200px|thumb|center|A carta na [[Agência 4.190617 (Agência)|versão 4.190617 do jogo]].]]
!colspan="2"|[[Arquivo:carta001.png|200px|thumb|center]]
|-
|-
| <b>Número</b>
| <b>Número</b>
Linha 32: Linha 32:
|}
|}


<p style="padding: 20px; background-color:lightgrey;"><i>"Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757, a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris aonde devia ser levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; em seguida, na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento."</i><br><br>Michel Foucault, <i>Vigiar e Punir</i></p>
<p style="padding: 10px; background-color:lightgrey;"><i>"Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757, a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris aonde devia ser levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; em seguida, na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento."</i><br><br>Michel Foucault, <i>Vigiar e Punir</i></p>


'''A sentença dos reis''' é uma carta estrutural do [[Deck Principal]] do jogo Agência, de ideologia [[Amarelismo|amarelista]]. Ela faz com que o jogador da vez escolha um adversário para [[Compra (Agência)|comprar]] até 4 cartas (o jogador [[Jogada (Agência)|da vez]] escolhe a quantidade de cartas a serem compradas).
'''A sentença dos reis''' é uma carta estrutural do [[Deck Principal]] do jogo Agência, de ideologia [[Amarelismo|amarelista]]. Ela faz com que o jogador da vez escolha um adversário para [[Compra (Agência)|comprar]] até 4 cartas (o jogador [[Jogada (Agência)|da vez]] escolhe a quantidade de cartas a serem compradas).
{{NavegarAgencia}}


==Dinâmica no jogo==
==Dinâmica no jogo==
Linha 42: Linha 44:
Com a compra concluída, os efeitos da carta foram integralmente executados, e o jogador pode então fazer [[Ação do jogador (Agência)|uma ação]]. Se o jogador for [[Amarelismo (Agência)|amarelista]] e tiver alguma carta amarelista em sua [[Mão (Agência)|mão]], ele pode fazer um [[Movimento (Agência)|movimento]], mudando qualquer estrutura da [[Sociedade (Agência)|sociedade]] por tal carta amarelista em sua mão.
Com a compra concluída, os efeitos da carta foram integralmente executados, e o jogador pode então fazer [[Ação do jogador (Agência)|uma ação]]. Se o jogador for [[Amarelismo (Agência)|amarelista]] e tiver alguma carta amarelista em sua [[Mão (Agência)|mão]], ele pode fazer um [[Movimento (Agência)|movimento]], mudando qualquer estrutura da [[Sociedade (Agência)|sociedade]] por tal carta amarelista em sua mão.


Além disso, caso o [[Deck histórico (Agência)|Deck histórico]] esteja sendo utilizado, o jogador pode fazer um movimento para mudar qualquer estrutura da sociedade por qualquer uma das seguintes cartas (caso tenha alguma delas à mão): [[Revoluções burguesas (Agência)|Revoluções burguesas]], [[Cruzadas (Agência)|Cruzadas]], [[Tratado de Vestfália (Agência)|Tratado de Vestfália]] ou [[Companhia Holandesa das Índias Orientais (Agência)|Companhia Holandesa das Índias Orientais]].
Além disso, caso o [[Deck histórico (Agência)|Deck histórico]] esteja sendo utilizado, o jogador pode fazer um movimento para mudar qualquer estrutura da sociedade por qualquer uma das seguintes cartas (caso tenha a carta em questão à mão): [[Revoluções burguesas (Agência)|Revoluções burguesas]], [[Cruzadas (Agência)|Cruzadas]], [[Tratado de Vestfália (Agência)|Tratado de Vestfália]] ou [[Companhia Holandesa das Índias Orientais (Agência)|Companhia Holandesa das Índias Orientais]].


===Histórico de mudanças===
===Histórico de mudanças===


* Na versão [[Versão 3.181205 de Agência|3.181205]], a carta passou a ter o efeito atual. Antes, o efeito era "Um adversário compra 4 cartas".
* Na versão [[Versão 3.181205 de Agência|3.181205]], a carta passou a ter o efeito atual. Antes, o efeito era "Um adversário compra 4 cartas".
** A diferença é que a partir de então a carta passa a refletir melhor o caráter da soberania - pois o jogador possui mais opções de ação - e tornou a carta mais vantajosa, pois o controle maior do número de cartas evita que o adversário afetado necessariamente tenha boas chances de, por exemplo, comprar uma [[Carta natural (Agência)|carta natural]] ao ser afetado.
** A diferença é que agora a carta passa a refletir melhor o caráter da soberania - pois o jogador possui mais opções de ação - e tornou a carta mais vantajosa, pois o controle maior do número de cartas evita que o adversário afetado necessariamente tenha boas chances de, por exemplo, comprar uma [[Carta natural (Agência)|carta natural]] ao ser afetado.


===Diário de jogo===
===Diário de jogo===
Linha 58: Linha 60:
==O significado da carta==
==O significado da carta==


[[Arquivo:Carta 001 versão prerelease.png|200px|thumb|right|Imagem da carta antes da [[Agência 1.180416 (Agência)|primeira versão pública do jogo]]. O efeito era ainda mais agressivo (um adversário comprava 7 cartas).]]Esta carta representa a monarquia enquanto estrutura social e política, mais especificamente os sistemas de poder absolutistas / autocráticos em que a figura do rei / da rainha concentra enorme poder. Assim, uma característica marcante das monarquias é a prerrogativa do/a soberano/a de punir seus súditos, especialmente de formas cruéis e públicas. Como coloca David Graeber<ref name="graeber2011">GRAEBER, D. The divine kingship of the Shilluk: On violence, utopia, and the human condition, or, elements for an archaeology of sovereignty. HAU: Journal of Ethnographic Theory, v. 1, n. 1, p. 1-62, 2011. p. 48-49.</ref>, seres humanos têm uma certa tendência a associar a violência arbitrária à divindade; o autor especula que o fenômeno pode estar relacionado à desproporção do ato: "leva décadas para dar forma e levar um ser humano a sua fase adulta, mas apenas alguns segundos para reduzir tudo isso a nada ao atravessá-lo com uma lança". Esta é a principal característica das monarquias retratada no efeito da carta.
Esta carta representa a monarquia enquanto estrutura social e política, mais especificamente os sistemas de poder absolutistas / autocráticos em que a figura do rei / da rainha concentra enorme poder. Assim, uma característica marcante das monarquias é a prerrogativa do/a soberano/a de punir seus súditos, especialmente de formas cruéis e públicas. Como coloca David Graeber<ref name="graeber2011">GRAEBER, D. The divine kingship of the Shilluk: On violence, utopia, and the human condition, or, elements for an archaeology of sovereignty. HAU: Journal of Ethnographic Theory, v. 1, n. 1, p. 1-62, 2011. p. 48-49.</ref>, seres humanos têm uma certa tendência a associar a violência arbitrária à divindade; o autor especula que o fenômeno pode estar relacionado à desproporção do ato: "leva décadas para dar forma e levar um ser humano a sua fase adulta, mas apenas alguns segundos para reduzir tudo isso a nada ao atravessá-lo com uma lança". Esta é a principal característica das monarquias retratada no efeito da carta.


No entanto, uma monarquia não necessariamente cancela todas as possibilidades de reação e contraposição ao poder real. Além do fato de que o poder de uma única pessoa, frente a toda uma população, depende de toda uma estrutura hierárquica de relações e de uma rede específica de sustentação (uma corte - como discutia, por exemplo, Maquiavel), "rituais de sacralização", ao separar o sagrado do mundano a partir de uma lógica de gestos de respeito, podem ajudar a conter a influência e o alcance de um rei/uma rainha, pois gestos de respeito limitam a liberdade dos agentes se muito exigentes (um rei/uma rainha pode ser ''tão sagrado/a'' que não pode sequer sair de seu palácio, por exemplo)<ref name="graeber2011" />.  
No entanto, uma monarquia não necessariamente cancela todas as possibilidades de reação e contraposição ao poder real. Além do fato de que o poder de uma única pessoa, frente a toda uma população, depende de toda uma estrutura hierárquica de relações e de uma rede específica de sustentação (uma corte - como discutia, por exemplo, Maquiavel), "rituais de sacralização", ao separar o sagrado do mundano a partir de uma lógica de gestos de respeito, podem ajudar a conter a influência e o alcance de um rei/uma rainha, pois gestos de respeito limitam a liberdade dos agentes se muito exigentes (um rei/uma rainha pode ser ''tão sagrado/a'' que não pode sequer sair de seu palácio, por exemplo)<ref name="graeber2011" />.  
Linha 64: Linha 66:
Como relata Morgan<ref>MORGAN, E. S. Inventing the People: The Rise of Popular Sovereignty in England and America. Nova Iorque: W. W. Norton & Company, Inc., 1989. p. 18-21. </ref>, algo semelhante ocorre na soberania divina inglesa nos séculos XVII-XVIII. Quando o princípio de soberania divina reinava supremo, essa “ficção” servia como "instrumento que dava aos muitos uma medida de controle sobre o homem ao qual a ficção parecia sujeitá-los tão absolutamente"; nas primeiras décadas do século XVII a figura do rei divino havia sido tão exagerada que o rei “quase não podia se mover sem fraturar sua divindade”, e a Câmara dos Comuns dirigia o governo através de sua própria sujeição: para que o rei aprovasse uma determinada medida, os discursos assumiam um tom de sugestão acompanhado da reafirmação do poder real: "Como o rei é justo e perfeito, certamente fará isso... O rei é o representante de Deus na Terra, e Deus não faria outra coisa a não ser isto...".
Como relata Morgan<ref>MORGAN, E. S. Inventing the People: The Rise of Popular Sovereignty in England and America. Nova Iorque: W. W. Norton & Company, Inc., 1989. p. 18-21. </ref>, algo semelhante ocorre na soberania divina inglesa nos séculos XVII-XVIII. Quando o princípio de soberania divina reinava supremo, essa “ficção” servia como "instrumento que dava aos muitos uma medida de controle sobre o homem ao qual a ficção parecia sujeitá-los tão absolutamente"; nas primeiras décadas do século XVII a figura do rei divino havia sido tão exagerada que o rei “quase não podia se mover sem fraturar sua divindade”, e a Câmara dos Comuns dirigia o governo através de sua própria sujeição: para que o rei aprovasse uma determinada medida, os discursos assumiam um tom de sugestão acompanhado da reafirmação do poder real: "Como o rei é justo e perfeito, certamente fará isso... O rei é o representante de Deus na Terra, e Deus não faria outra coisa a não ser isto...".


[[Arquivo:agwiki2.jpg|200px|thumb|right|Foto da carta na [[Agência 2.180423 (Agência)|versão 2.180423 do jogo]].]]De maneira tangencialmente análoga, como uma das consequências da carta (no jogo) é "armar" um adversário com cartas ao mesmo tempo em que este é prejudicado, o jogador que tem essa carta por estrutura deve tomar cuidado para não distribuir punições muito severas - sob pena de tornar-se objeto de atenção de "lideranças" e "revoltas" (análogos a elites que prefiram outro sistema político, ou a setores do povo que se insurjam diretamente contra a opressão) ou ainda "novas gerações" (análogos a usurpadores do trono).
De maneira tangencialmente análoga, como uma das consequências da carta (no jogo) é "armar" um adversário com cartas ao mesmo tempo em que este é prejudicado, o jogador que tem essa carta por estrutura deve tomar cuidado para não distribuir punições muito severas - sob pena de tornar-se objeto de atenção de "lideranças" e "revoltas" (análogos a elites que prefiram outro sistema político, ou a setores do povo que se insurjam diretamente contra a opressão) ou ainda "novas gerações" (análogos a usurpadores do trono).


===Movimentos===
===Movimentos===
Linha 76: Linha 78:
==Estratégia==
==Estratégia==


[[Arquivo:A-sentenca-dos-reis-3.181205.jpg|200px|thumb|left|Foto da carta na [[Agência 3.181205 (Agência)|versão 3.181205 do jogo]].]]Esta carta não causa [[Descarte (Agência)|descartes]] para o jogador que a tem por estrutura; contudo, possibilita um "controle" da [[Partida (Agência)|partida]], pois o jogador poderá impedir que qualquer adversário chegue a ter poucas cartas e/ou [[Vitória (partida)|vença]] a partida. A efetividade dessa estratégia depende do resto da sociedade, pois a existência de muitas estruturas provocando descartes distribuídos entre vários jogadores pode fazer com que a "ordem" de compra, direcionada a um único adversário, não seja suficiente para impedir uma vitória. Além disso, a efetividade dessa estratégia ''para que o jogador vença'' a partida depende de outras cartas na sociedade lhe propiciarem descartes, já que esta não o faz. Assim, '''por exemplo''', jogar após um jogador que tenha por estrutura a carta [[Planejamento urbano (Agência)|Planejamento urbano]] é extremamente vantajoso, pois o jogador descartará cartas por conta da estrutura de um adversário e, em sua vez, dificultará o progresso dos adversários.
Esta carta não causa [[Descarte (Agência)|descartes]] para o jogador que a tem por estrutura; contudo, possibilita um "controle" da [[Partida (Agência)|partida]], pois o jogador poderá impedir que qualquer adversário chegue a ter poucas cartas e/ou [[Vitória (partida)|vença]] a partida. A efetividade dessa estratégia depende do resto da sociedade, pois a existência de muitas estruturas provocando descartes distribuídos entre vários jogadores pode fazer com que a "ordem" de compra, direcionada a um único adversário, não seja suficiente para impedir uma vitória. Além disso, a efetividade dessa estratégia ''para que o jogador vença'' a partida depende de outras cartas na sociedade lhe propiciarem descartes, já que esta não o faz. Assim, '''por exemplo''', jogar após um jogador que tenha por estrutura a carta [[Planejamento urbano (Agência)|Planejamento urbano]] é extremamente vantajoso, pois o jogador descartará cartas por conta da estrutura de um adversário e, em sua vez, dificultará o progresso dos adversários.


Ao usá-la para obter [[Conquista (Agência)|conquistas]] por [[Legitimidade (Agência)|legitimidade]] ou vencer a partida por [[Hegemonia (Agência)|hegemonia]], a forma como ela possibilita "atrasar" a vitória é interessante, já que pode "comprar tempo" para que o jogador obtenha outras cartas amarelistas. Pelo contrário, porém, se a ideia é acelerar o fim da partida para aproveitar uma legitimidade, esta carta também pode fazer isso. '''Por exemplo''', se se prevê que um adversário terá 1 carta na mão em sua futura jogada e sua estrutura é a [[Revolução feminista (Agência)|Revolução feminista]], ele sofrerá uma [[Crise (Agência)|crise]]. Porém, o jogador com esta estrutura pode fazer com que este adversário compre 1 carta - causando sua vitória.
Ao usá-la para obter [[Conquista (Agência)|conquistas]] por [[Legitimidade (Agência)|legitimidade]] ou vencer a partida por [[Hegemonia (Agência)|hegemonia]], a forma como ela possibilita "atrasar" a vitória é interessante, já que pode "comprar tempo" para que o jogador obtenha outras cartas amarelistas. Pelo contrário, porém, se a ideia é acelerar o fim da partida para aproveitar uma legitimidade, esta carta também pode fazer isso. '''Por exemplo''', se se prevê que um adversário terá 1 carta na mão em sua futura jogada e sua estrutura é a [[Revolução feminista (Agência)|Revolução feminista]], ele sofrerá uma [[Crise (Agência)|crise]]. Porém, o jogador com esta estrutura pode fazer com que este adversário compre 1 carta - causando sua vitória.
Linha 89: Linha 91:


<references />
<references />
==Ver também==
* [[Amarelismo (Agência)|Amarelismo]]
<div style="height:3em"></div>
{{NavegarAgencia}}


[[Category:Agência]]
[[Category:Agência]]

Para editar esta página, por favor responda a questão que aparece abaixo (more info):

Cancelar Ajuda de edição (abre numa nova janela)

Predefinição usada nesta página: