Reunião da Modernidade (Controlados)

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A Reunião da Modernidade (ou Concílio da Modernidade, ou Convenção da Modernidade) foi um grande encontro político e comercial reunindo as lideranças de todas as grandes cidades de Heelum no final da Segunda Aurora. Seu principal objetivo era retomar relações mais amplas e fortes entre as cidades, recuperando assim um sentido cultural de união que, concluíam todos, havia sido perdido com o desaparecimento da Rede de Luz.

O "ser moderno" e as origens da Reunião

A ideia da "modernidade" surgiu a partir dos primeiros estudos de Ia-u-jambu em relação à vida nas outras cidades. A Segunda Aurora havia as separado consideravelmente - o desaparecimento da Rede de Luz fez com que a maioria das cidades se tornasse completamente inacessível para a maior parte da população. Assim como mais tarde a palavra "modenal" seria adaptada a partir do na-u-min, uma palavra similar seria adaptada para dar forma a um novo movimento intelectual: os modernos gostariam de "fazer brilhar" onde não havia mais o brilho [da Rede de Luz]. Gostariam de trazer a união de volta a um cenário em que ela parecia impossível. Essa ideia veio da constatação de que as cidades haviam mudado muito. A partir do comércio e de viagens puramente universitárias patrocinadas pela cidade e sua boa reserva de ouro (moeda ainda por ser aceita universalmente, mas já bastante útil, e que a cidade obtinha em troca do acesso a seu acervo de conhecimento) cada vez mais a cidade passava a entender que os costumes, a língua e as instituições variavam muito - muitas cidades pareciam irreconhecíveis, e isso poderia gerar uma completa destruição do sentido de comunidade humana que a tradição da cidade, baseada na memória da Cidade Arcaica, tanto prezava. Ser moderno significava, portanto, retomar a união. Após muito debate e discussão com as lideranças políticas de cidades de todo o mundo, Ia-u-jambu anunciou a organização da Reunião em seu território. Pessoas influentes (e representantes políticos) de todas as cidades vieram ouvir as propostas e considerar o que estava em jogo.

Propostas

Em nome de uma nova "união" por parte de Heelum, algo que tinha boa ressonância cultural com o povo de todas as cidades em geral, propôs-se uma série de medidas de interoperabilidade e padrões de comunicação que facilitariam a coexistência e a cooperação entre as cidades. Entre essas propostas estavam:

  • Um desenho comum para os portos e um procedimento compartilhado para abordagem de navios de outras cidades, comerciais, privados ou diplomáticos.
  • Um protocolo de compartilhamento de responsabilidade pela construção de estradas de mútuo benefício.
  • Uma reforma linguística geral, com vistas a unificar a língua falada pelas cidades. A língua proposta era uma amalgamação de diversos princípios e regras, misturando os dialetos das cidades mais populosas e centrais.
  • O uso do ouro cunhado por Dun-u-dengo como moeda universal para as trocas comerciais
  • A recolonização da Cidade Arcaica, reconquistada ao final da Primeira Guerra mas ainda não repovoada.
  • A instalação do salvo-conduto como um dispositivo comum entre as cidades.

Discussão e resultados

A ideia da "união", da modernidade, não teria sido tão bem aceita se não coincidisse com interesses comerciais importantes. A percepção cultural do fenômeno foi de grande ajuda, mas a proposta não foi discutida e votada em meio a cada cidade, de forma popular; foi decidida por seus líderes, que portanto deveriam decidir em termos de interesse geral, levando em consideração parâmetros como a prosperidade das cidades. Levando em consideração que elas agora emergiam, depois de muito tempo, para a consciência da existência de outras cidades, aqueles tipos de tratado que visavam melhorar a cooperação entre as diferentes urbes parecia bastante proveitoso. Ainda assim, houve muita crítica até que se chegasse a um bom acordo. O desenho comum dos portos e os protocolos de abordagem de navios estrangeiros foram aprovados sem grande problema, bem como o protocolo quanto à construção de estradas. A recolonização da Cidade Arcaica foi intenso alvo de discussão no que toca à forma como o objetivo ia ser realizado, mas todos entendiam que não apenas a revitalização da cidade seria bom para o comércio e para a região central de Heelum (como rota de passagem, por exemplo), como também isso seria essencial se o povo de toda Heelum fosse ser convencido do projeto moderno: a união deveria trazer à tona um símbolo que lembrasse a todos o que realmente unia a todos os humanos - suas origens comuns, uma ancestralidade cultural que os unia como irmãos. A instalação do salvo-conduto foi entendida por algumas cidades como um dispositivo que poderia colocar em xeque a decisão popular sobre aqueles que entravam em seu território, e portanto não foi universalmente adotada. O uso universal do ouro, como mencionado acima, não era universalmente aceito e continuou não sendo; antes dos minérios, que deflagraram a Terceira Aurora, isso não era uma questão pertinente e o ouro como moeda universal foi descartado. Os comerciantes continuariam sendo ligações entre as cidades, ganhando como intermediários. Como tal, eles já adotavam práticas linguísticas que, ao visar se comunicar relativamente bem com várias cidades, geravam uma espécie de língua própria, pragmática, que misturava várias línguas e era mais ou menos efetiva. As críticas à proposta da unificação linguística eram, assim como no caso da recolonização da Cidade Arcaica, em sua maior parte uma questão de execução: quase todos abraçaram bem a ideia de uma língua comum, mas não a que foi proposta por Ia-u-jambu. Os comerciantes dominaram a conversa nesse campo, explicando que na prática só o que era preciso era formalizar e ensinar a língua pragmática que eles já usavam como algo mais geral. Os pesquisadores de Ia-u-jambu, vencidos, se comprometeram com esse projeto.

Consequências

A unificação linguística era a única que dependia de validação social, e não apenas comprometimento governamental com o que foi decidido. E foi exatamente isso que a decisão não recebeu. Como consequência, houve significativa luta para que a língua fosse adotada - obviamente isso é algo ao qual não se pode obrigar, e portanto gerações de cidadãos de praticamente todas as cidades sofreram com imposições variadas, como multas, ameaças (e concretizações) de prisões, além de incentivos positivos, em relação à língua usada. Os comerciantes, em determinado momento, vendo quão impopular a medida era, passaram a investir pesadamente - pessoalmente e também, na medida do que o dinheiro podia comprar, com dinheiro - na adoção da língua, especialmente da perspectiva cultural; assim, incentivavam artistas a escrever músicas e peças de teatro, por exemplo, na nova língua. O choque da adaptação forçada fez com que a real colonização da Cidade Arcaica demorasse para acontecer na prática - embora esta reforçou aquela com o apelo simbólico do que se queria conquistar. Os dialetos regionais ainda eram falados na Terceira e na Quarta Aurora, mas a diminuição considerável da população causada pelas doenças da noite (além da primazia da coesão social incentivada pelos magos) eliminaram enfim as últimas comunidades e os últimos indivíduos que insistiam em proteger os dialetos locais da língua moderna. O único resquício dos dialetos é a existência de uma tradição independente de nomes de pessoas em Heelum.

Teoria do renascimento social

Durante a Quarta Aurora, aliás, como resposta à teoria da escuridão e ao surgimento da magia, os renascentistas sociais foram aqueles que eram a favor de uma ainda maior unificação das cidades de Heelum - não apenas na forma de protocolos básicos de interação, mas na forma de uma união política, cultural e econômica mais profunda. Muitos deles se viam como renovando as propostas da Reunião da Modernidade, mas mesmo aqueles que não eram tão radicais no que propunham eram contrários à prevalência do sistema de posse individual, que indicava uma desagregação e uma desunião mais elementares do povo de Heelum.