Primeira Guerra Moderna (Controlados)

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A Primeira Guerra Moderna é a fase da história de Heelum que sucede a Aurora da União. É caracterizada pelos eventos da guerra entre Prima-u-jir, liderada pelo governor Mosves, e outras cidades, além das eventos que se seguiram à guerra até a Segunda Guerra Moderna.

Ascensão de Mosves[editar]

Mosves era um mago preculgo que acreditava que os magos mereciam maior controle de Heelum do que tinham até então. Ele queria que toda Heelum reconhecesse o valor, o mérito e a supremacia dos magos. Após falhar na tentativa de convencer o Conselho dos Magos a apoiar suas ideias, retornou a Prima-u-jir e fez com que os discípulos dos magos se voltassem contra seus mestres - o que levou também à morte do mestre da cidade. Mosves passou a comandar a cidade, e como o sol não nasceu por um dia, as outras cidades logo perceberam que algo diferente havia ocorrido.

A guerra[editar]

Exércitos[editar]

Não existiam exércitos em Heelum antes da Primeira Guerra Moderna. Os motivos são variados; as cidades se entendiam como irmãs, todas vindas da mesma origem e unidas pela mesma comunidade. O período inteiro da Primeira Guerra, em que foram fundadas todas as cidades com a exceção da Cidade Arcaica, foi uma época de integração entre as regiões em termos de armas, treinamento, inteligência - mas contingentes gigantescos de humanos preparados para enfrentar outros humanos nunca foram necessários contra o Yutsi Rubro.

Por essa razão uma das particularidades da Primeira Guerra Moderna é a pequena quantidade de cidades envolvidas, especialmente considerando as que lutaram ativamente contra Mosves; o exército em Prima-u-jir foi criado do zero por força da dominação do governor, mas nas outras cidades forma praticamente improvisos que aplicaram teorias sobre estratégia (e alguma prática em termos de combate corpo-a-corpo) num experimento que, especialmente devido à superioridade numérica das cidades contrárias, foi um sucesso e plantou a semente para a solidificação da ideia de exércitos no mundo inteiro.

A primeira investida[editar]

A movimentação das tropas de Mosves no início da guerra.

Com seu exército montado, Mosves lançou os guerreiros de Prima-u-jir contra Den-u-pra, Kerlz-u-een, Torn-u-een e Kor-u-een.

Den-u-pra foi a primeira a cair, e de onde os outros ataques foram mobilizados. Em Den-u-pra e Torn-u-een a vitória foi relativamente fácil; as cidades não estavam preparadas para o que estava acontecendo, e Mosves venceu com poucas baixas de seu lado.

Kor-u-een e Kerlz-u-een tiveram mais tempo para se preparar e ofereceram alguma resistência. A geografia nesse caso foi de valia por razões distintas. Os guerreiros de Mosves não estavam acostumados com as florestas complexas de Kerlz-u-een, e em Kor-u-een tiveram que dividir as forças (em volta do Lago do Sul) para conquistar a jir central. Enquanto as duas cidades mais a leste não eram derrotadas, a notícia do expansionismo de Prima-u-jir alcançava o resto de Heelum.

Resistência[editar]

Ia-u-jambu ajudou a coordenar cidades sem exército na luta contra Mosves. Roun-u-joss, Inasi-u-een, Novo-u-joss e Al-u-tengo foram os primeiros a ceder tropas, enquanto Imiorina teve que lidar com um ataque direto de Prima-u-jir.

Ia-u-jambu ajudou a coordenar os esforços das outras cidades para uma ofensiva contra Mosves - para eles, o que deveria ser feito estava fora de questão. No entanto, compreensivelmente nem todas as cidades tinham recursos para fazê-lo; o esforço comunicativo começou com uma intenção dirigida para encontrar as melhores formas de contra-atacar. Imiorina, por sua proximidade preocupante com Prima-u-jir, deveria ser tanto avisada quanto ativada - a cidade tinha grande tradição bélica no uso da espada, e deveria juntar o maior número de guerreiros disponíveis para formar uma tropa e avançar contra o sul.

Al-u-een também foi contactada, e sua determinação contra Mosves era tão firme quanto a da cidade murada. A ajuda estratégica de Roun-u-joss foi requisitada: a cidade deveria pelo menos impedir, o mais rápido possível, que tropas avançassem mais a leste pelas Montanhas do Sul.

A região central ainda estaria comprometida; seria desastroso se, através de Kerlz-u-een, Mosves chegasse à Cidade Arcaica. Al-u-tengo, por experiência semelhante a de Imiorina (e tradição em arquearia) foi requisitada como aliada, e eles enviaram seus melhores guerreiros para ocupar o Centro, especialmente as margens do Rio Joss.

Aliados inesperados também entraram em jogo: Inasi-u-een enviou guerreiros para o sul, e estes se juntaram a alguns aventureiros de Novo-u-joss que gostariam de ajudar. O grupo foi encaminhado para Imiorina, que logo teria sua decisão tomada por outrem: Mosves resolveu atacar a cidade, vindo diretamente pelo deserto.

A decisão de Mosves foi movida pela disponibilidade de contingente. Ele sofreu mais perdas do que esperava em Kerlz-u-een, o que dificultaria a tomada da Cidade Arcaica, mas das áreas rurais de Prima-u-jir conseguiu formar novos soldados para avançar imediatamente contra um algo mais próximo - o tempo, partindo da desorganização dos seus inimigos, estava a seu favor; era preciso aproveitá-lo, desativando inclusive ameaças maiores em potencial; a Cidade Arcaica não tinha grande tradição militar. Imiorina tinha.

A derrocada de Mosves[editar]

Inasi-u-een, Novo-u-joss e Imiorina atacam pelo norte; o centro é segurado, enquanto Roun-u-joss e Al-u-een fazem a investida final pelo sudeste.

A estratégia de Mosves, contudo, falhou; Imiorina conseguiu se defender, e seus cidadãos, ultrajados pela ofensiva, formaram rapidamente uma tropa para contra-atacar. Tornados mais fortes pelos guerreiros de Novo-u-joss e e Inasi-u-een, a tropa aliada partiu do deserto e invadiu a jir central de Prima-u-jir.

Mosves fugiu assim que viu que estava em desvantagem; levou consigo a maioria das tropas que conseguiu formar na cidade natal e começou a reorganizar suas tropas, montando uma estratégia em que atacaria maciçamente as cidades do leste.

O esvaziamento teve consequências. Líderes da resistência em Kerlz-u-een entraram em contato com a tropa de Al-u-tengo no Centro para que juntos expulsassem os guerreiros de Mosves. Mais dominados que nunca, contudo, eles não se rendiam, nem fugiam; eram forçados a lutar até o fim, o que causou uma guerra sangrenta e sem misericórdia pela libertação da cidade na floresta. A resistência floresceu também em Torn-u-een e Den-u-pra, mas não foi até a morte de Mosves que as cidades conseguiram se livrar de soldados que não deixavam de ser cruéis e sanguinários sob quaisquer circunstâncias.

Roun-u-joss havia montado guarda diante das Montanhas do Sul, mas ainda não havia precisado defender-se dos inimigos; Al-u-een resolveu enviar suas tropas pelo sul para fazer número com Roun-u-joss e, em vez de esperar por algo que poderia nunca vir, avançar por uma área que poderia estar enfraquecida, sendo assim um bom ponto a explorar. Quando as forças das duas cidades se combinaram, tiveram que enfrentar o avanço de Mosves. O governor explorou suas tropas até o limite, mas compreendeu que não poderia vencer - e então suicidou-se.

Consequências[editar]

A tensão entre diferentes cidades alcançou um nível inédito; se antes não havia razão para desconfiar que humanos que simplesmente calharam de nascer e/ou morar em outro lugar poderiam ser hostis com os outros - apesar dos diversos estereótipos e diferentes padrões culturais entre as cidades - agora essa desconfiança cresceu e se fixou nas mentes dos povos.

Isso só veio a se reforçar com o tempo, fruto de duas tendências distintas. Em primeiro lugar, histórias de terror e violência, principalmente vindas de Den-u-pra, Torn-u-een e Kerlz-u-een, ganharam fama em toda Heelum, mudando a concepção que muitas pessoas tinham em relação ao que era humanamente possível. Esses não eram, afinal, feitos isolados de pessoas com distúrbios mentais, mas sim atitudes de todo um contingente populacional (o exército de Prima-u-jir). Como se isso não bastasse, os magos não tinham nenhum interesse em fazer Heelum entender que o problema todo foi causado por um mago com poderes excepcionais. Embora Mosves não tivesse escondido que era um mago (muito pelo contrário), os magos trabalharam com afinco (especialmente os preculgos) para fazer com que esse detalhe perdesse força no fluxo das narrativas gerais.

Prima-u-jir foi severamente penalizada - pelas circunstâncias e pelas outras cidades. A população estava diminuída, empobrecida e desmoralizada; sem ter tido tempo (ou intenção) de roubar riquezas das cidades dominadas enquanto elas estavam dominadas, Mosves sequer deixou algum tipo de legado para em ouro para a cidade. Kor-u-een, Roun-u-joss e Inasi-u-een deram início à construção de fortalezas fora da jir central, para proteção de território 'em caso de uma nova guerra como aquela; Prima-u-jir, com medo de retaliação, gastou os poucos recursos que tinha para manutenção de seu exército e construção também de uma fortaleza. Em suma, na relação entre as cidades, a herança da guerra foi desconfiança, a criação e a expansão de exércitos, a inauguração de fortalezas e a mudança de políticas - em Prima-u-jir, magos foram proibidos de serem parlamentares; em Kor-u-een, a magia foi proibida completamente.

Magos, vaziros e tolerância[editar]

No entanto, como foi possível que em Den-u-pra e Torn-u-een, cidades que sofreram tremendamente com a guerra, os magos não foram proibidos como em Kor-u-een? Ocorre que a ideia de tolerância foi fortemente incentivada pelos magos em toda Heelum, especialmente a partir da descoberta dos vaziros.

A comunidade mágica viveu algo intenso durante e após a Primeira Guerra Moderna. Mais magos passaram a apoiar as ideias de Mosves - afinal, ele provou que os magos realmente tinham poder para dominar Heelum, e talvez realmente pudessem fazê-lo, se estivessem unidos. Raramente um mago não concordou com as ideias de Mosves sobre o que os magos merecem - discordavam, apenas, quanto à possibilidade de sucesso. Além disso, por ser o primeiro governor, os magos ficaram sabendo também do que um mago individual era capaz, e muitos tentaram praticar seus poderes ao extremo, tentando adquirir algo próximo ao que se sabia sobre suas habilidades (a capacidade de controlar simultaneamente milhares de pessoas).

No entanto, o tempo era de prudência. A campanha para ofuscar o fato de que Mosves era um mago teve algum sucesso, mas uma campanha geral pela tolerância - a ser estendida, é claro, para os magos - foi tida como necessária após a triangulação de alguns fatos: segundo investigações dos registros de Prima-u-jir após a guerra, um destacamento bastante grande das tropas que avançaram contra Roun-u-joss e Al-u-een na fase final da guerra não participaram da batalha, o que levou pesquisadores a acreditar que a tropa fugiu do controle de Mosves - tendo conseguido essa proeza - e se refugiu nas montanhas ao sul. Como não foram vistos desde então, talvez tivessem tentado viver lá, isolados, até que pensassem poder voltar em segurança para a normalidade. Em vez de um grupo humano (ou grupo de ossadas), o que foi encontrado nas Montanhas do Sul foram os vaziros, sendo registrados pela primeira vez por humanos. Isso levou à ideia de que a dominação mágica por parte de Mosves foi tão intensa que algumas pessoas não aguentaram; perderam sua humanidade e se transformaram em monstros.

Isso provocou uma reação complexa por uma porção crescente dos povos de Heelum: seria possível que a magia seria uma ameaça à própria essência da humanidade? Os magos se esforçaram para transformar isso numa reflexão contra a violência, em vez de contra a magia: a paz, e inclusive a tolerância em relação aos magos (nem todos ruins) deveria ser a solução.

A cadeia de Mosves[editar]

Mosves desenvolveu uma técnica que lhe permitia economizar suas energias, maximizando seu controle sobre as pessoas. Os magos que discordavam dele (alguns dos discípulos que participaram de seu massacre inicial depois se voltaram contra seu projeto megalomaníaco) e as pessoas que por acaso não eram bons soldados, especialmente porque eram difíceis de dominar, eram jogados todos em uma cadeia subterrânea construída para os dissidentes. Ali sofriam torturas e privações que os enfraqueciam e predispunham à colaboração. Isso evitava que Mosves gastasse atenções excessivas em Neborum com um ou outro indivíduo; selecionava-se, para o exército, os indivíduos mais dóceis, e para a "corte" que o parlamento havia efetivamente se tornado, os magos mais coniventes.

A cadeia de Mosves foi reaberta por Byron durante a Guerra da União. Um de seus acessos, debaixo de um estabelecimento comercial insuspeito, foi reaberto para acomodar os prisioneiros que estavam no prédio do exército, local sob constante ataque por parte das forças rebeldes. Liderados por Caterina e Fuj, eles conseguiram libertar Verônica e os outros prisioneiros na cadeia histórica; vê-la sendo usada novamente foi causa de horror. Byron também usava a cadeia, aproveitando sua discrição, para neutralizar Tornero enquanto ainda estava inoperante em Neborum.

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